segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Até o NADA tem que ser rotulado para que de fato não o seja.

A contraditória liberdade resignada.
Ser realmente livre, é não se prender a (pre)conceitos.. Ao mesmo tempo que estamos pregando a liberdade em nome de não rotular as relações, estamos julgando e rotulando o comportamento uns dos outros. E o mais doente nisso, é estereotipar um outro ser humano através de redes sociais. Uma verdadeira faca de dois gumes, de um lado o locutor oferecendo o que lhe convém,  do outro, o interlocutor acreditando no que convier ao seu ego ...

É impressão minha ou não vamos mais conhecer uma outra pessoa pela convivência e experiência vivenciada? Está fora de moda ou fora de controle?
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O que se escreve pode ter um milhão de outros significados que não envolvam diretamente ninguém a não ser o próprio autor essa é a maravilha da forma escrita... por outro lado, não se pode analisar uma frase pronta, um desabafo ou piada como fator determinante da personalidade de alguém... O coerente seria não rotular ninguém nem nada, mas quanto julgamento antecipado ainda vai acontecer, quanta chuva de verão e fogo de palha serão necessários até que percebamos estar perdendo o melhor da festa?

Temos que parar de ler só o título, de olhar apenas as fotos e começar a entender o texto inteiro.

Fulano escreveu sobre vitória, deve estar conquistando algo.. ciclano escreveu sobre falsidade, deve ter se aborrecido com algum outro ser humano que por sua vez está sendo crucificado por SER humano...
Já beltrano anda falando muito de amor, deve estar apaixonado.. aí sim acumulam-se telespectadores  abutres ansiosos pelas frases tristes e decepcionadas demosntrando o fim do romance relâmpago.

Esse tipo de "relacionamento" eu também não quero rotular no meu histórico. Me sinto tão perdida em meio a toda essa DR virtual que sinto ímpetos de ir à papelaria mais próxima comprar etiquetas pra deixar pré-definidas e facilitar esse processo de produção em série de relacionamentos.

Mas minha revolta hoje, não é pelo relacionamento em si, é pelo NÃO relacionamento, é por tantas histórias que vejo escaparem entre os dedos como areia, simplesmente porque uma ou outra pessoa, demonstrou sentimento ou frieza demais... As pessoas estão sendo avaliadas pelo número de curtidas, ou pela quantidade de dias sem curtir nada... Sinceramente? Muita coisa acontece na distância entre o dedo e o mouse... O click-click-click frenético dos teclados está mais entusiástico que o descompassado tu-tuc-tu-tuc-tu-tuc seguido de frio no estômago que um encontro causa... e não necessariamente um encontro, as vezes um toque de telefone  rouba o fôlego para o Alô, bem no estilo Ira, anos 80.

Antes mesmo que as coisas virem coisas, elas ganham status virtuais que lhe roubam o protagonismo na história.. Mais uma vez aceleramos tanto os processos que o antes já virou depois, e o agora foi atropelado... Perde-se o sentido, perde-se o entendimento, perde-se o interesse, a pressa em se saber o que é, tira qualquer possibilidade de tentar ser alguma outra coisa que não um nada rotulado.