terça-feira, 4 de setembro de 2012

O Mundo do lado de cá da tela...

A Vida real não é fácil, é sem cores e sofrida pra maioria..  porque viver dói sim.. A gente chora e sofre sim. Sente solidão, vergonha, depressão.. A maior e mais contemporânea ilusão é acreditarmos que somos imbatíveis.

 Não somos não, somos humanos.


 
 
Todos temos o direito de sermos reais, isso não é feio, não é demodê, essas são as calçadas da vida fora das redes sociais... Aqui um abraço é sentido com os poros... e um olhar enxerga sua alma...

Onde foram parar os acasos naturais que juntavam as pessoas? Aquele esbarrar sem querer e ficar olhando de longe, botando a intuição antes da ação... a internet facilita muito o impulso artificial.. porque arriscar por trás da tela não tem perigo de machucar... a zona de conforto cibernética protege, mas não nos deixa chegar em lugar nenhum com os próprios pés e como chupar manga com casca... não tem cheiro, sabor, não alimenta e também não lambuza as mãos...
 
Onde fomos parar?
 
Porque falamos tanto na importância da sustentabilidade, mas não temos coragem de pegar o lixo das praias a não ser o nosso próprio... Ser de verdade e ir além dos abaixo assinados virtuais e das frases prontas.
 
 
Estamos vazios, e nos agarramos à qualquer sensação que nos tire da mesmice... Um "curtir" a mais é o suficiente para nos apaixonarmos e pronto, começa a fantasia, os tours virtuais em busca de informações ou sinais...o que é isso? Amor platônico na minha época era almejar algum dia sair com o Mike Patton... Hoje vejo relacionamentos começando sem nenhuma base sólida, sem sequer as pessoas saberem se gostam do cheiro uma da outra, porque pele é mais importante que alterar o status no facebook, AMOR não é isso, relacionamento muito menos.
 
Estamos agendando romances pelo outlook e quando eles saem do virtual, descobrimos que fora da tela, não tem química nenhuma... Aí já não sabemos se a frustração é com a pessoa ou com a nossa ânsia de encontrar e experimentar tudo o tempo inteiro, não conseguimos mais esperar pelo final do filme.
 
Não estamos vivendo, estamos brincando de viver, expondo o que nos convém, criando uma realidade inventada e pior, acreditando nela...
 
Somos nós os enganados, a vida não é essa, a vida espera seu tempo, não marca encontros pela internet... Ela chega de perto e olha nos olhos, nada é mais sedutor do que o ao vivo e em cores... Onde os encontros ao acaso acontecem de verdade e dessa forma, deixam o que tem que ser, apenas ser e nada mais.